Rota de Geodiversidade e Geossítios

Ilha de São Jorge

A ilha de São Jorge é a mais central do arquipélago dos Açores e do Grupo Central e caracteriza-se pela sua forma alongada, sendo a segunda maior ilha em comprimento, a seguir a São Miguel. Do ponto de vista geológico distingue-se por: i) vulcanismo exclusivamente basáltico s.l.; ii) não possuir um grande edifício vulcânico central e, iii) ao invés, apresentar-se como uma extensa cordilheira vulcânica, constituída por cerca de 150 cones (na sua maioria cones de escórias) e escoadas lávicas basálticas associadas.
A morfologia mais suave e aplanada para leste da Ribeira Seca retrata a maior antiguidade desta zona da ilha, onde afloram rochas com cerca de 1,3 milhões de anos. Para além da configuração alongada da ilha, fortemente controlada pela tectónica regional, são de realçar as muitas fajãs, detríticas e lávicas, existentes na base das altas falésias costeiras que marcam paisagisticamente o litoral e constituem o principal ex-libris turístico da ilha.
A vulcanologia da ilha mostra, ainda, alguns episódios vulcânicos submarinos, de que são exemplo os cones de tufos surtseianos do Morro Grande de Velas e do Morro de Lemos. Ocorreram erupções históricas nesta ilha em 1580 (em três centros eruptivos diferentes) e em 1808, enquanto que em 1964 ocorreu uma erupção submarina ao largo das Velas.

A

Bocas de Fogo (1808 A.D.)

Também denominadas de Caldeirinhas, as Bocas de Fogo correspondem ao centro emissor da erupção vulcânica do ano de 1808, que deu origem ao designado “Mistério da Urzelina”. Deste conjunto de crateras, alinhadas segundo NO-SE e localizadas no eixo da cordilheira vulcânica central da ilha, foram emitidas escoadas lávicas basálticas do tipo aa, que se movimentaram para sul ao longo das encostas. Estas escoadas atingiram o mar na zona da Urzelina, destruindo matas, terrenos de cultivo, várias casas e a igreja local, da qual resta apenas a sua torre sineira

B

Cones de Tufos Surtseianos

O Morro Grande de Velas e o Morro de Lemos são ambos cones de tufos surtseianos originados por erupções submarinas de natureza basáltica, mas de diferentes idades e estádios evolutivos. Mais antigo, o Morro de Lemos está muito desgastado pela erosão marinha, apenas restando uma pequena porção do edifício vulcânico inicial. Ao invés, o Morro Grande de Velas evidencia uma clara forma circular do cone e da cratera associada, na qual está aninhado um pequeno cone de escórias basálticas, do tipo estromboliano, que retrata uma fase eruptiva subaérea mais tardia da formação deste cone

C

Alteração de rochas

A Ponta do Topo e toda a região oriental da ilha de São Jorge constituem a zona mais antiga da ilha, cujas formações geológicas, predominantemente de escoadas lávicas basálticas, datam desde há 1,32 milhões de anos. Esta idade está expressa na morfologia mais aplanada e suave desta zona da ilha e na intensa alteração que as formações rochosas evidenciam. É o caso aqui no Cais do Topo, cuja alteração das rochas se traduz na disjunção em bolas e na arenização das escoadas lávicas, e nas exóticas e peculiares formas que as rochas apresentam em resultado da erosão marinha

D

Pico da Velha

Localizado próximo do extremo oeste da cordilheira vulcânica central da ilha de São Jorge, o Pico da Velha corresponde a um cone de escórias basálticas, resultante de uma erupção vulcânica do tipo estromboliano de explosividade moderada e responsável pela emissão de escoadas lávicas basálticas. Com altura da ordem de 140 m e diâmetro basal de 750 m, este cone integra o conjunto de cerca de 150 vulcões monogenéticos deste tipo, que marcam a paisagem da ilha e que, alinhados segundo acidentes tectónicos bem definidos, são responsáveis pela forma alongada e orientação NO-SE da ilha.

E

Mistério da Queimada

O Mistério da Queimada está associado à erupção vulcânica que ocorreu no ano de 1580 na parte centro-sul da ilha de São Jorge e que teve três centros eruptivos distintos: nas zonas da Ribeira do Almeida/Santo Amaro, da Ribeira do Nabo e da Queimada. Antecedida durante 3 dias por inúmeros abalos de terra, a erupção iniciou-se a 30 de abril de 1580, tendo-se prolongado por cerca de 4 meses. As escoadas lávicas e a queda de cinzas associadas destruíram pastagens e terrenos de cultivo, centenas de adegas e causaram a morte a cerca de 10 pessoas e milhares de cabeças de gado.

F

Morro Pelado

A cratera do cone de escórias do Morro Pelado, implantado no eixo da Cordilheira Vulcânica Central da ilha de São Jorge, dá passagem a um imponente algar vulcânico. Com cerca de 140 m de profundidade, este é o algar mais profundo dos Açores, caracterizado por duas aberturas e duas salas sobrepostas, cujo chão apresenta blocos rochosos, por vezes de grandes dimensões, resultantes do desabamento das paredes do algar. Nos terrenos para oeste deste cone é possível observar uma importante escarpa de falha que se estende por cerca de 1.700 m, com face virada a norte e desnível máximo de cerca de 10 m.

G

Fajã Lávica do Ouvidor

A génese da Fajã do Ouvidor está associada à emissão de escoadas lávicas basálticas a partir do Pico Areeiro, um cone de escórias localizado a 3 km de distância (no eixo da cordilheira vulcânica central da ilha) e que se formou há cerca de 2.530 anos. Esta fajã lávica, em conjunto com as fajãs da Ribeira da Areia e das Pontas, são as únicas fajãs lávicas existentes na costa norte da ilha de São Jorge. A Fajã do Ouvidor exibe disjunções prismáticas, arribas mergulhantes, diversos arcos lávicos e grutas litorais, a maior das quais é a Furna do Lobo, com cerca de 50 m de comprimento

H

Escarpa de Falha

A falha Urze-São João constitui a mais importante estrutura tectónica da metade leste da ilha de São Jorge, com orientação geral NO-SE e uma clara assinatura morfológica por mais de 10 km. Na zona do parque eólico do Piquinho da Urze a escarpa de falha, virada a nordeste, atinge uma altura de cerca de 10 m e destaca-se facilmente da paisagem circundante, aplanada. Nalguns setores (como na zona da Grota dos Patalugos) a escarpa de falha é menos evidente (apenas com alturas da ordem de 2 m), ou está mesmo ausente, devido à ação erosiva provocada pelos cursos de água adjacentes.

I

Poço de Maré

A erupção histórica da Urzelina, que teve lugar entre 1 de maio e 10 de junho de 1808 (antecedida por numerosos sismos durante a última semana de abril), causou a destruição de várias casas e da igreja local, da qual resta uma torre sineira, que se ergue como testemunho silencioso dessa erupção vulcânica. E este poço de maré da freguesia de Urzelina está intimamente associado à erupção de 1808: a 8 de julho de 1810 três homens morreram aqui, asfixiados por gases vulcânicos, ao descerem a este poço para limpar as escórias da erupção que se tinham acumulado no seu interior

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