Rota de Geodiversidade e Geossítios

Ilha das Flores

A ilha das Flores, com uma superfície de 141 km2, situa-se no Grupo Ocidental e inclui o território emerso mais Ocidental da Europa: o Ilhéu de Monchique. A característica geológica mais marcante desta ilha, onde não se evidencia a presença de um edifício vulcânico de grandes dimensões (como por exemplo na vizinha ilha do Corvo), reside na presença de diversas crateras de explosão associadas a erupções hidromagmáticas. Estas erupções foram responsáveis pela formação de maars (como a Lagoa Funda, a Lagoa Comprida e a Lagoa Seca) e anéis de tufos (como a Caldeira Branca).
Adicionalmente, as importantes bacias hidrográficas existentes na ilha (como é o caso das ribeiras da Badanela e de Santa Cruz) e a presença de diversos cones vulcânicos antigos, modelaram uma paisagem marcada pela presença de relevos residuais, quer sob a forma de chaminés vulcânicas, quer de filões aflorantes, estes frequentemente segundo muralhas que se destacam da paisagem circundante. Ao longo do litoral são várias as grutas de erosão e as exposições de disjunções prismáticas e esferoidais em escoadas lávicas.
A Rocha dos Bordões constitui um exuberante exemplar de uma disjunção prismática, numa escoada lávica mugearítica, com cerca de 570.000 anos.

A

Ponta Delgada

A costa norte da ilha das Flores - caracterizada por altas e declivosas falésias - é constituída por vários níveis de escoadas lávicas e piroclastos basálticos, na sua grande maioria pertencentes ao complexo vulcânico mais antigo da ilha, e que localmente estão atravessados por chaminés e filões. Dada a sua idade, e os elevados índices de alteração supergénica a que estão sujeitas pela ação dos agentes externos, estas escoadas basálticas exibem frequentemente uma disjunção esferoidal (ou disjunção em bolas), e uma intensa argilização como é o caso daquela presente no portinho de Ponta Delgada.

B

Ribeira d’Além da Fazenda

A Ribeira d’Além da Fazenda, com os seus inúmeros afluentes (como as ribeiras da Badanela e do Cascalho), constitui uma das mais importantes bacias hidrográficas da ilha das Flores, que se estende até ao Planalto Central, na zona do Morro Alto - Pico da Sé. No seu troço final, na zona da central hidroelétrica do Pisão, observa-se frequentemente uma disjunção colunar nas escoadas lávicas existentes quer no leito da ribeira e vertentes do vale fluvial, quer na queda de água do vale suspenso que caracteriza a foz desta ribeira.

C

Fajã de Santa Cruz

A vila de Santa Cruz está implantada na fajã lávica com o mesmo nome, uma plataforma rochosa grosso modo retangular, com cerca de 1.900 m de comprimento, 800 m de largura e altitude média de 30 m. Esta fajã, que se estende desde as piscinas naturais de São Pedro (a norte) até ao Porto das Poças (a sul) é constituída por escoadas lávicas de natureza traquítica, provenientes do cone piroclástico do Monte das Cruzes, sobranceiro à vila e ao aeroporto. A frente deste delta lávico apresenta-se muito recortada, com diversas pontas rochosas, pequenos ilhéus, poças e pequenas enseadas.

D

Fajã de Lopo Vaz

A Fajã do Lopo Vaz estende-se por cerca de 1.500 m na costa sul da ilha das Flores e constitui uma fajã detrítica, formada na sequência de desmoronamentos e quebradas nas altas e inclinadas arribas adjacentes. Estas arribas exibem diversas escoadas lávicas basálticas na base, traquibasaltos no topo e alguns filões. A sua orla costeira apresenta-se como uma praia de areia negra e seixos rolados, a que se acede através de um trilho pedestre. Com uma altitude média de 25 m, a fajã é atravessada por pequenos cursos de água e possui uma nascente de água potável.

E

Caldeiras Rasa e Fundo

Localizadas no setor sul do planalto central da ilha das Flores, estas crateras estão associadas a erupções hidromagmáticas, ou seja, erupções em que o magma, ao ascender, contacta com água, dando origem a uma atividade explosiva. Apesar da sua proximidade, as lagoas implantadas nestas depressões encontram-se a cotas diferentes (360 m na Caldeira Funda e 530 m na Caldeira Rasa), sendo que no primeiro caso a massa de água ocupa o fundo de uma cratera de explosão do tipo maar, enquanto que a lagoa da Caldeira Rasa está instalada num anel de tufos.

F

Fajã Grande

Esta fajã lávica apresenta-se parcialmente coberta por sedimentos e outros materiais detríticos trazidos por cursos de água (como a Ribeira Grande) ou gerados em desmoronamentos e deslizamentos na imponente arriba fóssil que limita a fajã a leste. Esta arriba fóssil, sob a forma de uma escarpada vertente com cerca de 300 m de altura e que faz a transição para o planalto central da ilha, apresenta inúmeras quedas de água, as quais alimentam massas de água permanentes na sua base, sendo as mais conhecidas o Poço do Bacalhau e o Poço da Alagoinha, este também designado por Lagoa das Patas.

G

Caldeiras Comprida e Funda

Estas depressões vulcânicas localizam-se no planalto central da ilha das Flores e correspondem a crateras de explosão do tipo maar formadas na sequência de erupções hidromagmáticas. Em consequência da atividade explosiva formam-se depressões encaixadas na região circundante, de vertentes rochosas e muito inclinadas, onde posteriormente se instalaram massas de água superficiais, as lagoas. Na Caldeira Negra, a profundidade da lagoa atinge 108 m (a mais profunda dos Açores), o que justifica a designação de Caldeira Funda por que também é conhecida.

H

Chaminés

O vale fluvial da Ribeira da Cruz é dominado pela presença de diversas chaminés vulcânicas, sob a forma de relevos proeminentes que se elevam da paisagem envolvente. As chaminés correspondem ao preenchimento da conduta de cones vulcânicos que, por ser constituído por uma rocha compacta e resistente, permanece in situ enquanto os piroclastos envolventes, menos resistentes, foram removidos por ação dos agentes erosivos. As chaminés são, assim, relevos residuais salientes, com forma em geral circular e vertentes rochosas muito declivosas.

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