O arquipélago dos Açores emerge do Plateau (ou Plataforma) dos Açores, uma extensa área de batimetria irregular, definida pela curva batimétrica dos 2000 metros e que dá passagem aos fundos marinhos abissais circundantes. Em termos de geodinâmica global, o arquipélago localiza-se na junção tripla das placas litosféricas Euroasiática, Norte Americana e Africana (ou Núbia), cuja complexidade está na base de aceso debate e controvérsia científica acerca dos modelos tectónicos, natureza e localização dos limites e dinâmica da junção tripla dos Açores, incluindo a influência que o “ponto quente” dos Açores desempenha nesta região do Atlântico.
Em termos gerais, as principais estruturas que enquadram a junção tripla dos Açores são a Crista Médio-Atlântica (com direcção aproximadamente N-S), que corresponde a um limite distensivo entre as placas Norte Americana, a Oeste, e as placas Euroasiática e Africana, a Leste, e a Falha GLORIA (com orientação genericamente E-O), que estabelece a fronteira de placas Eurásia-África e que integra uma estrutura mais vasta, a Falha Açores-Gibraltar. Na zona do Plateau dos Açores, o limite de placas Eurásia-África é definido pelo “Bloco dos Açores”, um sector de direcção aproximadamente ONO-ESE, que compreende as ilhas do Grupo Central e a ilha de São Miguel. A configuração das ilhas dos Grupos Central e Oriental, com uma orientação geral ONO-ESE, e das ilhas Corvo e Flores, sensivelmente N-S, traduz um claro controlo estrutural das mesmas, por parte dos principais acidentes tectónicos que interagem na junção tripla dos Açores e condicionam fortemente a geomorfologia das ilhas do arquipélago.
Do ponto de vista geológico, as ilhas dos Açores são todas de origem vulcânica e correspondem a ilhas oceânicas que emergiram dos fundos marinhos envolventes pelo progressivo empilhamento de material vulcânico submarino, processo que ter-se-á iniciado há cerca de 36 milhões de anos (M.a.). O vulcanismo subaéreo mais antigo data do Miocénico Superior (e.g. 8,12 M.a.), na ilha de Santa Maria, enquanto que o Pico é a ilha mais jovem do arquipélago, formada há cerca de 0,3 M.a. Embora as ilhas mais afastadas da Crista Médio-Atlântica sejam genericamente mais antigas não há uma clara migração para Oeste da actividade vulcânica, quer há escala regional, quer à escala insular. O melhor conhecimento acerca da pluma mantélica existente sob o Plateau dos Açores (designadamente o seu tamanho e localização, se é fixa ou móvel) contribuirá, certamente, para clarificar o enquadramento geodinâmico dos Açores e as características do seu vulcanismo.
No arquipélago dos Açores reconhecem-se 27 sistemas vulcânicos principais, dos quais 16 correspondem a vulcões poligenéticos (na sua maioria vulcões siliciosos com caldeira de subsidência no topo) e 11 são zonas de vulcanismo basáltico fissural, frequentemente sob a forma de cordilheiras vulcânicas mais ou menos extensas. Destes sistemas, 9 vulcões poligenéticos e 7 zonas de vulcanismo basáltico fissural são considerados activos (embora num estádio de dormência), localizados nas ilhas de São Miguel, Terceira, Graciosa, S. Jorge, Pico, Faial e no Banco D. João de Castro. Ao largo das ilhas existem, ainda, diversas cordilheiras vulcânicas submarinas activas, como é o caso do Banco do Mónaco (a Sul de São Miguel), do Banco Princesa Alice (a SO do Faial) ou da cordilheira submarina a Leste da Ilha do Pico.
Contabilizam-se mais de 1750 vulcões monogenéticos dispersos pelas 9 ilhas dos Açores, quer nos vulcões poligenéticos (flancos e interior das caldeiras), quer nas zonas de vulcanismo basáltico fissural. Estes centros eruptivos monogenéticos incluem cones de escórias e de salpicos de lava (spatter), domos traquíticos e coulées, anéis e cones de tufos, crateras de explosão (maars) e fissuras eruptivas, frequentemente definindo alinhamentos vulcano-tectónicos locais ou regionais. Os últimos eventos eruptivos mais importantes foram de natureza submarina e basáltica s.l., e ocorreram nos Capelinhos, na ilha do Faial, em 1957/58 e a cerca de 8,5 km para NO da Ponta da Serreta, ao largo da ilha Terceira, em 1998/2000.
Para além dos episódios vulcânicos referidos, observa-se permanentemente a ocorrência de manifestações secundárias de vulcanismo nas ilhas de São Miguel, Terceira, Graciosa, Faial, Pico e Flores, expressas quer como nascentes termais, quer como fumarolas e emanações gasosas difusas em solos. Para além destas ocorrências, há a reportar o importante campo fumarólico localizado no Banco D. João de Castro, um vulcão poligenético submarino que entrou em actividade em 1720 A.D., e os campos hidrotermais submarinos de grande profundidade Menez Gwen, Lucky Strike, Saldanha e Rainbow.
Os trabalhos de inventariação e caracterização dos geossítios presentes no território tiveram por base o conhecimento acumulado sobre as características geológicas do território, a história eruptiva de cada uma das ilhas dos Açores e os elementos de património geológico reconhecidos no arquipélago e oceano envolvente. Para este inventário contribuíram, ainda, diversos investigadores da Região e cientistas nacionais e estrangeiros com trabalhos nos Açores em diversos domínios, de que resultou uma abordagem sustentada e abrangente, embora suscetível de aperfeiçoamentos.
Assim, o geoparque assenta numa rede de 121 geossítios dispersos pelas nove ilhas e zona marinha envolvente os quais asseguram a representatividade da geodiversidade do arquipélago dos Açores e traduzem a sua história geológica e eruptiva de cerca de 10 milhões de anos
Os Açores são um arquipélago pertencente à região biogeográfica da Macaronésia, uma das mais ricas em biodiversidade da Europa.
É um dos arquipélagos mais isolados do mundo e suporta um número significativo de espécies endémicas exclusivas de cada ilha.
Situando-se em pleno Oceano Atlântico, no percurso migratório de muitas aves, as ilhas dos Açores ganham importância como porto seguro de descanso, nidificação e reprodução.
As condições climatéricas, geográficas e geológicas dos Açores deram origem a uma grande variedade de biótopos, ecossistemas e paisagens que propiciam um elevado número de habitats e uma interessante diversidade de espécies, algumas delas endémicas. Atualmente o número total de espécies e sub-espécies terrestres está estimado em 6164, sendo 452 endémicas
Os animais são os mais diversos em endemismos, compreendendo cerca de 73% dos endemismos terrestres dos Açores. As plantas vasculares contam com 73 endemismos, os Fungi (incluindo os líquenes) com 34, e tanto as diatomáceas dulçeaquícolas como os briófitos incluem 7 espécies endémicas.
As condições climatéricas, geográficas e geológicas dos Açores deram origem a uma grande variedade de biótopos, ecossistemas e paisagens que propiciam um elevado número de habitats e uma interessante diversidade de espécies, algumas delas endémicas. Atualmente o número total de espécies e sub-espécies terrestres está estimado em 6164, sendo 452 endémicas.
Os animais são os mais diversos em endemismos, compreendendo cerca de 73% dos endemismos terrestres dos Açores. As plantas vasculares contam com 73 endemismos, os Fungi (incluindo os líquenes) com 34, e tanto as diatomáceas dulçeaquícolas como os briófitos incluem 7 espécies endémicas.
Todas estas espécies vivem em habitats característicos, alguns deles muito raros, que se distribuem desde a costa até à montanha, tal como vulcões, grutas, florestas, matos, prados, pastagens, turfeiras, lagoas e ribeiras O mar dos Açores alberga diversas espécies de cetáceos, sendo os mais frequentes os cachalotes, baleias-de-bico e golfinhos. Estão registadas algumas espécies de tubarões, variando desde o pequeno Tubarão-anão até ao Tubarão-baleia.
Na avifauna açoriana destacam-se o milhafre (única ave de rapina presente no arquipélago), o pombo torcaz e da rocha, o priolo (ave terrestre endémica, cujo habitat se limita à Floresta Laurissilva do nordeste de São Miguel), o canário-da-terra e diversas aves marinhas como o cagarro (cuja maior parte da população mundial nidifica no arquipélago), o garajau rosado (cuja maior parte da população europeia nidifica nos Açores), o painho-das-tempestades-de-monteiro (ave marinha endémica presente nos Ilhéus da Praia e de Baixo, na ilha Graciosa) e gaivotas.
O mar dos Açores alberga diversas espécies de cetáceos, sendo os mais frequentes os cachalotes, baleias-de-bico e golfinhos. Estão registadas algumas espécies de tubarões, variando desde o pequeno Tubarão-anão até ao Tubarão-baleia.
Podem encontrar-se, também, o peixe-espada, o atum, o bonito, a enguia, moreia e o chicharro. Nas zonas costeiras, frequentemente existem polvos, ouriços-do-mar, estrelas-do-mar, lapas e cracas. Em ribeiras e lagoas é normal encontrar-se algumas espécies de Trutas, Percas, Carpas e Lúcios.