Terceira Island
Ignimbrito das Lajes
A região nordeste da ilha Terceira (e.g. as zonas de Lajes, Vila Nova e São Brás), apresenta importantes afloramentos do designado “ignimbrito das Lajes” constituído por depósitos de escoadas piroclásticas siliciosas, datadas de há cerca de 21.000 anos e associadas à formação da caldeira de colapso do Vulcão do Pico Alto. Esta rocha vulcânica apresenta-se requentemente muito compacta e com uma textura em fiamme típica - como acontece na zona da Caldeira das Lajes e parte norte do aeroporto - sendo tradicionalmente usada como pedra de cantaria e constituindo elemento diferenciador da “arquitetura do Ramo Grande”.
Graben das Lajes
O Graben das Lajes, implantado na parte leste da ilha Terceira, caracteriza- se por um relevo em degraus, formado por um sistema distensivo de falhas ativas de orientação geral NO-SE. Evidencia-se no terreno por escarpas de falha (segundo vertentes inclinadas, usualmente com vegetação arbórea) e por patamares aplanados e abatidos: o aeroporto, a vila das Lajes e a cidade da Praia da Vitória ocupam a parte central desta depressão tectónica. Genericamente, a escarpa de falha de Santiago limita o graben a nordeste, enquanto que o limite sudoeste é definido pela falha das Fontinhas.
Paul da Pedreira
O Paul da Pedreira desenvolve-se numa antiga pedreira implantada no Cabo da Praia, no início dos anos 80, e que serviu sobretudo a construção do Porto Oceânico da Praia da Vitória. Dada a reduzida cota do fundo da pedreira, este está parcialmente submerso e é periodicamente inundado por água salgada, constituindo uma importante zona húmida dos Açores, que recebe também contribuições da precipitação e de água subterrânea. As paredes envolventes, que atingem alturas da ordem de 25 m, são constituídas por escoadas lávicas basálticas emitidas de cones de escórias vizinhos, sobretudo do Pico do Capitão.
Escoadas Lávicas da Serreta
No extremo oeste da ilha Terceira afloram diversos domos e espessas escoadas lávicas traquíticas (denominadas de coulées), associadas a fraturas radiais do Vulcão de Santa Bárbara e ao Rifte da Terceira. A mais recente destas coulées forma a península rochosa da Ponta da Serreta, onde está implantado o farol com o mesmo nome. Estas coulées apresentam uma espessura de várias dezenas de metros, e a sua natureza siliciosa e elevada viscosidade traduz-se, também, na presença de níveis de obsidiana, sobretudo na zona mais externa destas escoadas lávicas.
Mistérios Negros
Os Mistérios Negros estão associados à primeira fase da erupção histórica de 1761 (que teve início na manhã de 17 de abril) e correspondem a domos de espessas lavas traquíticas, de formas arredondadas e de superfície frequentemente constituída por obsidiana negra, daí a sua designação. Estes domos estão localizados no flanco leste do Vulcão de Santa Bárbara, na ilha Terceira, onde existem diversos outros alinhamentos de domos e coulées traquíticas que definem importantes fraturas de orientação geral NO-SE, na dependência direta da estrutura tectónica designada de “Rifte da Terceira”.
Matias Simão
A elevação de Matias Simão, localizada na freguesia dos Altares, corresponde aos resquícios de um cone de salpicos de lava (spatter) basálticos, de cor avermelhada, aspeto esmaltado e deformados plasticamente. Muito erodido por ação do mar, este cone vulcânico apresenta uma arriba alta e escarpada, com depósitos de cascalheira de praia na sua base. Esta elevação, outrora utilizada como vigia da baleia, possui um miradouro com um Cruzeiro, que oferece bonitas vistas panorâmicas dos flancos norte dos vulcões poligenéticos do Pico Alto e de Santa Bárbara, com as suas imponentes escoadas lávicas siliciosas do tipo domo e coulée
Biscoitos
A zona litoral dos Biscoitos é formada por escoadas basálticas do tipo aa emitidas há cerca de 4.500 anos do Pico Gordo, um cone de escórias implantado na parte central da ilha Terceira. Os principais fluxos lávicos emitidos deste cone movimentaram-se cerca de 7 km para norte e, entrando mar dentro, aumentaram a área da ilha e originaram as pontas rochosas salientes dos Biscoitos e os típicos “cordões lávicos litorais” (de grande dimensão, forma convexa e com assinatura submarina) que as bordejam. Atualmente, as piscinas naturais dos Biscoitos aproveitam esta peculiar morfologia litoral!
Fajã da Alagoa
A fajã da Alagoa (ou Alagoa da Fajãzinha), localiza-se na costa norte da ilha Terceira e constitui uma antiga baía, preenchida por sedimentos transportados pelo curso de água que aqui desagua (a Grota da Alagoa) e por uma praia de calhaus rolados na sua zona litoral. As arribas adjacentes à fajã detrítica são de natureza traquítica, com particular destaque para aquelas a oeste, que constituem o Biscoito das Calmeiras, uma espessa coulée traquítica emitida da caldeira do Pico Alto, que desceu as encostas deste vulcão e avançou mar dentro, formando um promontório
Mistério Novo (1761 A.D.)
Em 1761 ocorreram duas erupções na ilha Terceira: uma associada aos domos traquíticos conhecidos como Mistérios Negros e outra na Zona Basáltica Fissural, com focos na zona do cone de escórias do Pico do Fogo. Esta última erupção é conhecida como “Mistério Novo” e corresponde a uma erupção estromboliana típica, com a emissão de escórias e escoadas lávicas basálticas. Estas escoadas, do tipo aa, movimentaramse para norte e, embora não tenham atingido a costa, cobriram zonas de solo arável e cultivos, afetando a parte mais a montante da freguesia dos Biscoitos.
Biscoito Rachado
A zona do Biscoito Rachado corresponde a um aglomerado de cerca de uma dúzia de domos e coulées (isto é, escoadas lávicas siliciosas muito espessas) que preenchem uma parte significativa da caldeira do vulcão do Pico Alto. Estas formas vulcânicas, localmente conhecidas por “biscoito”, definem importantes estruturas tectónicas de orientação geral NNO-SSE a ENE-OSO. Além destas formas, com uma marcada assinatura morfológica na paisagem, predominam nesta zona os depósitos pomíticos, destacandose nestes, pela sua singularidade, a presença de bombas de pedra pomes, muito raras nos Açores.
