Santa Maria Island
Filão em pillow lavas
Ao longo da base das arribas da Baía de São Lourenço ocorrem diversos afloramentos de escoadas lávicas submarinas – as designadas pillow lavas – resultantes de um vulcanismo efusivo basáltico ocorrente no fundo marinho existente à data na ilha de Santa Maria. Estas pillow lavas, de coloração escura, estão frequentemente envoltas em depósitos de hialoclastitos de coloração amarelada, uma brecha vulcânica resultante do choque térmico causado pelo contacto brusco da escoada lávica com a água do mar. E nalguns locais esta sequência vulcânica submarina é atravessada por filões basálticos, sub-verticais, de espessura e orientação variável.
Ponta do Castelo
A Ponta do Castelo exibe inúmeros elementos de geodiversidade, incluindo afloramentos de escoadas lávicas com uma disjunção esferoidal (ou em bolas), a qual surge na dependência direta da atuação dos agentes externos, isto é, resulta de uma intensa alteração supergénica (meteorização) das escoadas lávicas. As “bolas” assim formadas apresentam uma estrutura concêntrica, tipo “casca-de-cebola”, em que a existência de uma disjunção prismática, vertical ou sub-vertical, e de juntas (ou diaclases) horizontais no seio da escoada favorecem a alteração da rocha, tal como se observa aqui neste geossítio.
Disjunção prismática
O troço final da Ribeira do Maloás, no lugar de Malbusca, exibe um afloramento com cerca de 220 m de extensão de espetaculares colunas com 15 a 20 m de altura. Esta disjunção prismática, ou colunar, inclui prismas truncados no seu topo revelando um pavimento de polígonos hexagonais do tipo “Calçada dos Gigantes”, uma estrutura vulcânica similar e mundialmente famosa, localizada na Irlanda do Norte. Esta disjunção prismática é o resultado do fluxo, arrefecimento e concomitante contração e abertura de fendas numa escoada lávica basáltica subaérea do Complexo Vulcânico do Pico Alto.
Figueiral
No litoral escarpado do Figueiral, a cerca de 100 m de altitude, existe um dos maiores afloramentos de rochas sedimentares da ilha, com cerca de 5 milhões de anos. Aqui encontra-se a Gruta do Figueiral, uma antiga galeria de extração de calcário e argila, o primeiro para a produção de cal e a segunda para o fabrico de telhas. Nas imediações da gruta ainda é possível observar um antigo forno de cal. Nestas arribas observam-se, ainda, diversos filões e a Furna Velha (ou Furna das Pombas), uma gruta litoral com 337 m de comprimento e com um importante controlo tectónico associado à sua formação.
Filão
A falésia adjacente ao principal porto da ilha de Santa Maria apresenta uma espetacular secção vertical num cone de escórias basálticas, atravessado por filões (também basálticos) e recoberto por escoadas basálticas mais recentes. Os filões são formas subvulcânicas e correspondem a fendas preenchidas por magma, que se apresentam aqui com espessuras variáveis de 1 a 4 metros e trajetórias peculiares e diversificadas. Esta arriba põe em evidência a estrutura interna (ou plumbing system) de um cone vulcânico monogenético, edificado na sequência de uma única erupção vulcânica do tipo estromboliano.
Tufos surtseianos
Na Baía dos Cabrestantes, e sobretudo na zona da Ribeira dos Furados ou do Ginjal, aflora um espesso depósito de piroclastos submarinos de natureza basáltica. Este depósito, sob a forma de um tufo bem estratificado (por vezes com estratificação entrecruzada), apresenta-se muito compacto, de coloração amarelada e com cristais de augite e líticos na sua matriz. Este tufo surtseiano marca a fase inicial de formação da ilha de Santa Maria e corresponde, então, à rocha mais antiga dos Açores, recentemente datada de há cerca de 6 milhões de anos: o arquipélago dos Açores nasceu aqui!