Cultura

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Vinha

Em algumas paisagens açorianas coexistem aspectos geológicos e culturais com elevado valor patrimonial, entre os quais se incluem as paisagens vinícolas e vitivinícolas, campos agrícolas com rendilhado de muros de pedra seca, maroiços.

A arquitectura típica do arquipélago também reflecte a geodiversidade açoriana, uma vez que vários edifícios antigos apresentam diferentes rochas ornamentais e estilos arquitectónicos, tais como fortificações militares, solares, mosteiros e igrejas.

Para além destes, existem algumas ruínas de antigas construções que perpetuam fenómenos geológicos naturais, como erupções e sismos.

  • Fontenário da Ribeira Seca, São Miguel – Erupção de 1563
  • Ruínas da igreja da Urzelina, São Jorge – Erupção de 1808
  • Ruínas do farol e casas dos Capelinhos – Erupção de 1957/58
  • Ruínas do farol da Ribeirinha – Sismo de 1998
  • Algumas destas paisagens culturais pertencem à lista do Património Mundial da Humanidade, da UNESCO:

    Centro Histórico de Angra do Heroísmo da ilha Terceira

    Classificado em 1983, por ter sido um porto de escala obrigatório aquando dos Descobrimentos Maritimos, entre os séculos XV e XIX. As suas imponentes fortificações de São Sebastião e de São João Baptista, construídas há cerca de 400 anos, são um exemplo único de arquitectura militar.

    Igreja da Misericórdia
    Igreja da Misericórdia, Angra do Heroísmo, Ilha Terceira.

    A Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico

    Classificada em 2004, por ser um exemplo notável que ilustra uma resposta única dos primeiros colonos no século XV que através da vinicultura transformaram uma paisagem rochosa e aparentemente improdutiva, num mosaico de pequenos talhões cintados de muros de pedra, testemunho do trabalho de gerações de pequenos agricultores que, num ambiente hostil, conseguiram criar um modo de vida e um vinho de grande qualidade.

    Reconhecendo a importância do Património Arqueológico Subaquático, a baía de Angra do Heroísmo está classificada como Parque Arqueológico Subaquático. Esta iniciativa tem como intuito divulgar, sensibilizar e possibilitar a partilha desta herança com a comunidade local, seus visitantes e especialistas em arqueologia náutica e subaquática.

    O arquipélago possui, também, um rico património imaterial, representado pelo seu Folclore e Etnografia, distintos nas diversas ilhas.

    Existem diversos Museus Regionais e Bibliotecas Públicas e Arquivos Regionais dispersos pelas ilhas açorianas:

    História

    No plano lendário, há quem pretenda associar os Açores à Atlântida, mítico reino insular citado por Platão. Já num plano histórico, encontram-se alusões a nove ilhas em posições aproximadas das açorianas no oceano Atlântico, em livros e mapas cartográficos desde meados do século XIV. Mas é com a epopeia marítima portuguesa, liderada pelo Infante D. Henrique, que os Açores entram de forma definitiva no mapa da Europa. Desconhece-se se terá sido Diogo de Silves, em 1427, ou Gonçalo Velho Cabral, em 1431, o primeiro navegador a atingir o arquipélago. A origem do nome Açores é igualmente ponto de várias teorias. A mais divulgada associa a designação aos milhafres encontrados, então confundidos com outra ave de rapina: o açor. Certo é que o Infante D. Henrique impulsiona a humanização das ilhas. Primeiro com o lançar de animais, entre 1431 e 1432, depois pelo envio de colonos, a partir de 1439.

    Desde então, o povoamento estende-se ao longo dos séculos XV (grupos oriental e central) e XVI (grupo ocidental). Judeus, mouros, flamengos, genoveses, ingleses, franceses e escravos africanos unem-se à gente de Portugal Continental para enfrentar os duros obstáculos da tarefa.

    Igreja
    Igreja do Espírito Santo, Ilha de São Miguel.

    A empreitada épica forja um povo que, ao longo de séculos, resiste a erupções vulcânicas e terramotos, isolamento, invasões de piratas, guerras políticas, doenças infestantes. A resistência ao domínio espanhol na crise de sucessão dinástica de 1580 e o apoio à causa liberal na guerra civil (1828-1834) são reveladores da coragem dos açorianos. Já no século XX, esta bravura sobrevive na epopeia baleeira, quando os homens se lançam em pequenos botes de madeira para o confronto no imenso mar azul com os cachalotes agigantados.

    Ilha de Santa Maria

    Ilha de São Miguel

    Ilha da Terceira

    Ilha da Graciosa

    Ilha de São Jorge

    Ilha do Pico

    Ilha do Faial

    Ilha das Flores

    Ilha do Corvo

    Artesanato

    O artesanato dos Açores mantém a identidade com vínculo próximo à natureza e à cultura açoriana, sendo capaz de inovar esta tradição, construindo um discurso actual no artesanato.

    A marca “Artesanato dos Açores” abrange:

  • Os Bordados dos Açores
  • As Rendas dos Açores
  • A Tecelagem dos Açores
  • O Miolo de Figueira dos Açores
  • Os Registos do Senhor Santo Cristo dos Milagres
  • Os Bolos Lêvedos
  • A Escama de peixe
  • Boina do Corvo
    Boina do Corvo.

    Rendas dos Açores

    Salientam-se as Rendas Típicas do Pico e Faial.

    Bordados dos Açores

    distinguem-se em vários tipos: o “Bordado de São Miguel”, o “Bordado da Terceira” e “Bordado a Palha de Trigo” do Faial.

    Miolo de Figueira

    Inclui peças tridimensionais com motivos florais ou figurativos da cultura açoriana.

    Os Registos do Senhor Santo Cristo dos Milagres

    Exclusivos da ilha de São Miguel, são pequenos altares construídos sobre uma estampa do Senhor Santo Cristo e adornados com flores.

    Trabalhos em Escama de Peixe

    constituem uma modalidade da arte conventual, e geralmente, caracterizam-se por motivos florais.

    Gastronomia

    A gastronomia regional assenta principalmente na frescura dos produtos retirados ao mar e colhidos da terra. Quanto à doçaria, grande parte provém de receitas conventuais antiga.

    Devido à existência de uma tradição na produção de leite de vaca em quase todas as ilhas dos Açores, produzem-se diversos produtos lacticínios, sendo mais famosos os inúmeros queijos açorianos.

    Existe, também, a tradição de produção de inúmeros vinhos, aguardentes, licores e aperitivos.

    Lapas Grelhadas
    Lapas Grelhadas

    PEIXE E MARISCO

    Atum, chicharros, cavala, abrótea, pargo e espadarte são comuns na cozinha açoriana. Grelhados, fritos, guisados, assados, em caldeiradas ou em caldos de peixe, sobressaem pela frescura. Às lagostas, cavacos, santolas e caranguejos juntam-se crustáceos como as cracas. Ou as lapas, tratadas com Molho Afonso, na grelha, em arroz ou açorda. Em São Jorge, crescem as únicas amêijoas do arquipélago.

    CARNE

    A carne de vaca dos Açores tem indicação geográfica protegida e sustenta pratos como a alcatra da Terceira, a molha de carne ou o simples bife à regional. Os torresmos de molho de fígado e os enchidos são iguarias a não perder: a linguiça é prato principal quando servida com inhame e a morcela serve de entrada, acompanhada de ananás.

    QUEIJO

    O Queijo de São Jorge encima uma tradição de múltiplos e saborosos produtos lácteos, onde mãos habilidosas e tempos de cura são segredos para uma miríade de sabores e texturas. Que começa com o queijo fresco, servido com pimenta da terra. Quando servem de sobremesa, podem acompanhar-se de banana ou doce de capucho, uma espécie de tomate de sabor exótico e perfumado.

    FRUTA

    Para além de bananas e maçãs, o clima açoriano permite também o cultivo de frutas exóticas como o araçá ou a anona. O ananás e o maracujá de São Miguel têm direito ao selo de garantia Denominação de Origem Protegida.

    DOCES

    A doçaria com sinais de tradição conventual assume especial força no conjunto de bolinhos e docinhos típicos de cada ilha, que surpreendem pelos nomes e sabor.

    BEBIDAS

    No Pico, Graciosa e Terceira produz-se vinho, agora à base de novas castas e em complemento do outrora famoso verdelho. Cerveja, refrigerantes, vinhos licorosos, licores de frutos e aguardentes complementam uma oferta variada. O cultivo do chá em São Miguel é mais uma nota de exotismo nos prazeres da mesa açoriana.

    ESPECIALIDADES

    No Cozido das Furnas, carnes e legumes cozem numa panela enterrada em solos geotérmicos. À Festa do Espírito Santo associam-se tradições gastronómicas como a Sopa do Espírito Santo, a Massa Sovada ou o arroz doce. Já os bolos lêvedos das Furnas são servidos a qualquer refeição e altura do ano.

    Festividades

    No arquipélago dos Açores existem manifestações de fé e devoção religiosas intimamente relacionadas com a ocorrência de fenómenos naturais catastróficos, em especial os fenómenos vulcânicos e sísmicos que assolam com alguma frequência estas ilhas. Estas manifestações incluem romarias e procissões, a devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres e as Festas do Divino Espírito Santo, estas últimas em todas as ilhas do arquipélago, associadas ao Dia da Região e recentemente objecto de análise visando a sua candidatura a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO.

    Festa do Espirito Santo
    Festa do Espírito Santo

    Festa do Espírito Santo

    As Festas do Divino Espírito Santo nos Açores remontam aos primórdios do povoamento no arquipélago e constituem um dos principais testemunhos de fé do Povo Açoriano. Uma vez que o arquipélago sempre foi assolado por sismos e erupções vulcânicas, estas festividades foram adquirindo características únicas, em que o profano muitas vezes se mistura com o sagrado numa genuína demonstração da cultura popular.

    São festas comuns a todas as ilhas, embora divergindo em alguns pormenores de ilha para ilha e até dentro da própria ilha. Todas as freguesias têm uma capela, chamada “Império”, com a respectiva irmandade. São consideradas as festas religiosas mais características de toda a etnologia insular. A celebração decorre de Maio a Setembro, com especial ênfase no 7.º Domingo depois da Páscoa.

    Procissão dos Abalos (Terceira)

    Na noite de 1 para 2 de Junho de 1867 iniciou-se intensa actividade sísmica e só terminou cerca de um mês depois, tendo provocado grandes danos na freguesia do Raminho. Logo a seguir, iniciou-se uma erupção submarina, no mesmo local onde ocorreu recentemente a erupção de 1998/1999. A erupção terminou cerca de um mês depois.

    Desde então realiza-se, todos os anos no dia 31 de Maio, a “Procissão dos Abalos”. A referida procissão realiza-se em silêncio, transportando-se apenas as coroas e bandeiras do Divino Espírito Santo até ao alto da Ponta do Raminho, local sobranceiro ao ponto do mar onde se deu a erupção, onde há missa campal e sermão.

    Os Romeiros

    A Romaria micaelense iniciou-se como consequência dos violentos sismos e erupções vulcânicas em 1522 e 1563, que arrasaram Vila Franca do Campo e prejudicaram gravemente a Ribeira Grande, respectivamente.

    Nesses momentos de aflição, as pessoas juntaram-se e andaram pelas ruas cantando e rezando, todos os dias, visitando todas as igrejas e ermidas dedicadas a Nossa Senhora, rogando a protecção da Virgem e intervenção Divina. Actualmente, a Romaria é constituída apenas por homens que percorrem toda a ilha a pé ao longo de oito dias, na época da quaresma, por ser um tempo próprio para a penitência e oração. Esta tradição encontra-se, ainda, bem viva nos corações e vidas dos habitantes de S. Miguel.

    Império dos Nobres (Faial)

    O Império dos Nobres celebra-se em memória da erupção de 1672, do Vulcão da Praia do Norte, também conhecido como Vulcão do Cabeço do Fogo. Foi efectuado um voto perpétuo de celebrar, no dia de Pentecostes, uma cerimónia solene em honra do Divino Espírito Santo, se a erupção parasse, o que inevitavelmente aconteceu.

    Senhoar Santo Cristo dos Milagres (São Miguel)

    O Culto do Senhor Santo Cristo dos Milagres começa no Convento da Caloura, no concelho de Lagoa. Aquando da emissão da Bula Apostólica do referido convento de freiras, o Papa ofereceu às religiosas a imagem do “Ecce Homo”. Pelo facto do local da Caloura ser vulnerável aos ataques de piratas, as freiras e a imagem, seguiram para o Convento da Esperança, em Ponta Delgada, onde ainda hoje se encontra.

    No ano de 1700 a ilha de São Miguel foi abalada por fortes tremores de terra. No dia 11 de Abril, verificando que os sismos não findavam, a população resolveu levar em procissão, a imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres. A devoção que esta procissão despertou foi tal que nunca mais deixou de se realizar. Com uma adesão de devotos transversal a tantas gerações de açorianos, esta tricentenária procissão é a mais antiga devoção que se realiza em terras portuguesas e é considerada uma das maiores procissões religiosas do Mundo.

    A festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres realiza-se, no 5.º Domingo depois da Páscoa.

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